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hannah
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Diário de Hannah - Transformando a dor em cura  Empty Diário de Hannah - Transformando a dor em cura

4/7/2021, 02:59
Oi, gente. Esse relato pra mim vai ser uma verdadeira confissão de coisas que nunca tive coragem de expor sequer aos meus psicólogos.
Tenho uma história triste com a pornografia, pois fui exposta a ela muito cedo, ainda muito criança, com cerca de 5 anos de idade. Já fiquei muitos meses sem pornografia, sem sequer lembrar disso, de forma que achava que não tinha um problema... Até que comecei a perceber que, em tempos de estresse, abalo emocional etc, eu gastava muito tempo assistindo vídeos pornográficos. Foi quando comecei a pesquisar sobre os malefícios da pornografia tanto para usuários quanto para atrizes/atores, toda a questão da indústria e também perceber o quão mal me sinto quando incorro nesse velho hábito. Sinto que isso traz uma energia muito ruim para minha vida, muito pesada, me sinto culpada (mesmo sabendo que a culpa não ajuda em nada), e sinto que atraio forças espirituais negativas.
Eu fui exposta a pornografia muito cedo, pelo meu próprio pai, que lia revistas pornográficas na minha frente. Fui vítima de abuso sexual na infância e na adolescência, perdi minha virgindade num estupro e passei muitos anos sendo estuprada, mas não vem ao caso falar sobre isso. Fui sexualizada muito cedo e minha educação sexual se deu através de abusos e pornografia. Quando criança, tinha acesso livre ao computador, e desde uns 7 anos aprendi a entrar em bate-papos e a acessar sites pornô. Minha mãe nunca me orientou sobre isso, quando ela pegava, me culpava e me fazia sentir uma péssima pessoa, mas hoje eu percebo que a culpa nunca foi minha de nada, eu era só uma criança...
De uns anos para cá, comecei um intenso processo de cura da minha sexualidade, principalmente aprendendo a me tocar de uma outra forma, sem estímulos visuais e explorando todo o meu corpo com suavidade e carinho, acessando assim orgasmos muito mais intensos do que com a pornografia.
Percebo com muita tristeza que desde cedo, eu associei sexo a abusos, a violências, e comecei a acreditar que eu gostava mesmo disso. Sempre me senti muito mais atraída por mulheres do que por homens, porém tive alguns relacionamentos hétero, que acredito que possam ter sido por um condicionamento trazido pela pornografia, talvez uma HODC só que ao contrário. Passei anos em um relacionamento com um homem viciado em pornografia, no qual eu praticamente não tinha orgasmos e ele reproduzia o sexo da indústria pornográfica totalmente, me machucando, tinha ejaculação muito retardada e gostava de me humilhar durante o sexo, me bater forte, e me penetrava de uma maneira que realmente machucava muito e não estava nem um pouco preocupado com meu prazer. Nessa época, eu busquei ao máximo desenvolver esse tipo de fantasia de muita violência (que até então eu não tinha nesse nível), como uma forma de lidar com a situação, pois não adiantava conversar com ele e eu não conseguia sair da relação. Se eu tinha algum prazer, era basicamente mental, ao tentar me convencer de que essas fantasias eram minhas também, porque físico mesmo, era só dor e frustração.
Tenho tido recaídas nesse vício horrível, em momentos de estresse e cansaço extremo trazidos pela pandemia. Entrei num ciclo de autossabotagem e parei de me tocar com a suavidade que eu vinha fazendo há tanto tempo e, mais uma vez, voltei a acessar sites pornô e me vi assistindo vídeos de coisas que eu completamente abomino na vida real, como gangbang e coisas assim. Isso abala muito minha autoestima que andava muito boa quando eu não estava assistindo pornografia, me traz sentimentos de vergonha e me sinto como um pervertido nojento depois de ter orgasmo e olhar para a tela.
Decidi que quero cortar de vez esse mal pela raiz. E hoje re-começo meu dia 1, após ler o guia e bloquear os sites no computador. Tenho medo de fracassar, mas se eu o fizer, começarei novamente. Às vezes acho assustador pensar no tamanho dos danos que uma exposição TÃO precoce ao pornô trouxe ao meu cérebro, mente, corpo, sexualidade, enfim... Mas eu tenho fé, muita fé, de que tudo ocorre por um motivo, de que eu vou me libertar de toda essa tristeza, dessas dores tão profundas que me puxam para um ciclo de autossabotagem, e de que isso só vai me fortalecer para lutar para que as novas gerações não passem pelo que eu passei.
Força para nós. E vamos em frente!
Obrigada por lerem.

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hannah
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4/7/2021, 15:26
Eu percebo que sou uma pessoa extremamente sensível a conteúdos externos. Até mesmo ao assistir séries, muitas vezes me envolvo em demasia e acabo tendo sonhos muito agitados e que ficam repetindo a temática do que estou assistindo. E sempre lembro dos meus sonhos em detalhes. Hoje aconteceu isso, com essa temática da pornografia. Fiquei tendo sonhos muito agitados com cenas pornográficas e foi horrível, não descansei direito.
Às vezes me pergunto se eu não estou exagerando em me considerar viciada em pornografia, já que já passei naturalmente muitos meses sem assistir, simplesmente sem pensar nisso ou fazer grandes esforços. Mas parece que, desde que tomei consciência do quão terrível é este hábito e esta indústria, eu comecei a dar um peso muito grande para cada vez que assisto.
Pela frequência com que assisto (esse ano, não devo ter assistido mais do que 10 dias, não seguidos, e ano passado ainda menos), sei que talvez não me enquadre enquanto viciada, porém, percebo que ainda assim é algo extremamente pernicioso para mim, talvez justamente por ser uma pessoa muito sensível.
Estou me sentindo mais tranquila com os bloqueadores instalados.

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5/7/2021, 08:59
Seja bem vinda, sua história me deixou triste, apesar de ser homem algumas coisas que aconteceu com você também aconteceu comigo então eu sei como é difícil. Mas nem tudo está perdido por mais triste e difícil que seja vamos conseguir vencer, tenha fé e se arme de todas as formas possível contra o vício, que você vai vencer, estarei te acompanhando, abraços.

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hannah
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5/7/2021, 17:25
Agradeço a quem leu e está acompanhando. Com certeza vamos vencer, não só os vícios como a pornografia, como todas as causas profundas que nos levaram até eles ou estão ligados a eles de alguma forma. Seguimos nos apoiando!
Estou sentindo uma paz, que acredito ter vindo da segurança com que tomei a decisão dessa vez, e de finalmente ter instalado os bloqueadores.
Passei o dia com uma garota com quem estou me relacionando e, enquanto estava com ela, eu pensei no quanto nós distorcemos a nossa sexualidade quando acessamos pornografia, no quanto é imensamente mais prazeroso estar com uma pessoa real, com um toque real, um cheiro real, um brilho real, com trocas reais. No quanto é bom olhar nos olhos e ver no outro um ser humano e não um objeto, pois na pornografia, é isso que aprendemos: a ver as mulheres como objeto, o que é ainda mais triste para nós mulheres, pois acabamos vendo a nós mesmas como objetos. No quanto é bom poder sentir a sintonia com a pessoa, sentir o que ela gosta, e aproveitar o tempo juntas sem pressa, encontrando um ritmo próprio, totalmente diferente do ritmo mecânico com o qual condicionamos nosso cérebro com a pornografia. E isso se dá inclusive na relação comigo mesma: quando estou consumindo pornografia, parece que me condiciono a ter uma relação com meu próprio corpo de menos carinho, mais ansiedade, mais rapidez e densidade. E é nessas horas, que eu percebo o que eu realmente gosto. Não gosto de ser xingada, de ser tratada com violência em nome de "fetiches" alheios que eu tentava me convencer de que eram meus. E também não gosto de tratar as pessoas assim. Parece que, quando vou para a "vida real" e saio da fanasia, isso fica muito nítido para mim...
Refleti também o quanto a pornografia impactou no sentido de que, inconscientemente, muitas vezes eu ainda julgo a beleza das mulheres de acordo com o padrão de beleza imposto... Percebo que a pornografia é muito maléfica para todos, e também bastante para nós, mulheres lésbicas e bissexuais, pois mesmo o "pornô lésbico" nos coloca como fetiches à serviço dos homens, e não mostra realmente o que é ser uma mulher que ama mulheres. Até porque isso inclui amar a si mesma em primeiro lugar, e isso é a última coisa que a pornografia nos ensina.
Vamos em frente.

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