Reboot de merzboy (Joao)

Não sei muito bem como iniciar aqui, mas vamos lá!
Olá a todos! Me chamo Joao (gosto de usar o nickname "merzcuryboy" na internet pois cresci no mundo virtual e esse nome marcou uma época importante. traduzo ele para o português como "garoto de mercúrio", gosto da ideia de me sentir diferente e "ter vindo de outro planeta"), tenho 22 anos, estudante de psicologia, trabalho na área industrial (por ora!!) e há pelo menos 10 anos eu consumo P.
Tudo começou muito cedo comigo, antes mesmo dos meus 10 anos, onde alguns amigos meus me apresentavam filmes pornôs hétero. E logo quando eu tive um celular com acesso a internet, uma das primeiras coisas que eu buscava era conteúdos com teor sexual, nada explicito, mas a vontade de ver algo totalmente explicito aumentava.
Eu cresci no meio evangélico, com pais super-protetores. Nunca fui de muitos amigos porque geralmente eu estava em casa e sempre fui muito tímido. Meu entretenimento durante a adolescência sempre foi a internet, até mesmo quando eu saia para brincar com meus amigos da época. Jogos e mais jogos. Me aventurava pela internet de vária formas. Ganhei meu primeiro computador aos meus 10-11 anos, e foi quando eu tive acesso pela primeira vez à banda larga, que eu dei o mergulho no mundo da P.
Quanto à minha sexualidade, sempre tive muito claro na minha cabeça de que eu era/sou gay. Muitos levam um tempo para se encontrarem, mas só pelos conteúdos que eu consumia eu já tinha isso bem claro na minha cabeça desde muito novo. E este foi um dos meus primeiros conflitos. Por crescer na igreja e sempre ouvir que as minhas vontades e quem eu sou não é certo, me fechei totalmente para mim mesmo e criei a pessoa que a igreja queria que eu fosse, e logicamente, não fui feliz em momento algum. A igreja agregou sim na minha vida, mas em 2019 eu acabei abandonando pois eu queria poder viver quem eu realmente sou, sem medo de mim e, principalmente, ser feliz. Mas o meu problema com a P. ainda me perseguia.
Me lembro até hoje do primeiro dia que consumi P. explicita. Meu corpo tremia inteiro e eu não sabia se aquilo era bom ou ruim, só sei que desde então eu nunca mais parei. Com 11 anos, desde o primeiro instante em que eu entrei na internet pela primeira vez até os dias de hoje, com 22 anos, sofro desse mal. Mas durante todo esse tempo existiram muitos altos e baixos. Momentos em que eu estava disposto a parar e 2 dias depois estava fazendo tudo o que eu não queria. Momentos em que quebrei o sigilo e fui buscar ajuda em pessoas reais, mas não foi na primeira vez que eu consegui ajuda. Vídeos, fotos, chamadas de vídeos, mensagens sensuais, até chegar no momento onde eu conheci os conteúdos pagos, que foi o tipo de conteúdo que mais me chamou a atenção e chama até hoje. Vídeos não me seduzem mais, toda vez que tenho vontade, meu cérebro grita por conteúdos pagos. Eu perdi as contas, mas de 2020 pra cá, devo ter desembolsado uns 5 mil reais ou mais, apenas em P.
Desde sempre eu me senti muito mal sempre que consumia P., desejava muito parar mas nunca tive forças o suficiente ou durava apenas um momento (nunca chegou a 1 mês).
Me revoltei contra a P. e decidi de fato mudar quando ela começou a afetar meu namoro (de 1 ano) e a minha faculdade. Por estarmos EAD, por conta da pandemia, eu deixava de assistir as aulas apenas para assistir pornografia. Além disso existia o sentimento de culpa que me perseguia todas as vezes que eu consumia P. Eu cheguei a pensar que o sexo não era pra mim e que eu nunca faria, pois com uma mente controlada pela pornografia desde os 11 anos, comecei a criar isso na minha cabeça. Foi quando eu conheci meu namorado, com quem perdi a virgindade e foi ele em quem eu pude confiar de verdade pela primeira vez sobre meu vício e de como eu precisava de ajuda para sair disso. "Eu não sei como te ajudar, mas vou ficar do seu lado". Essas foram as palavras dele quando eu contei sobre esse meu lado obscuro, e era exatamente o que eu precisava ouvir, de alguém que ficasse comigo e não simplesmente me ouvisse e cinco minutos depois não desse a mínima.
Esse foi o meu impulso para começar a agir com atitudes e não apenas criar forças na minha cabeça. Foi quando decidi começar a psicoterapia. Logo na primeira sessão escancarei sobre o vício em P. e, somente nesse momento, falando em voz alta e ouvindo eu mesmo falando sobre esse problema, que eu consegui planejar planos e meios de intervenção. Então fui pra internet procurar pessoas que eram iguais a mim e encontrei o fórum.
Comecei meu primeiro reboot em 27 de setembro de 2021, onde, finalmente, instalei bloqueadores no meu celular. Os primeiros dias foram tranquilos, e a sensação que os bloqueadores trouxeram foi de alivio. Mas com o passar do tempo fui vendo que era necessário fazer "manutenções" no reboot pois meu cérebro começou a buscar outros meios de saciar a vontade de P., foi onde eu comecei a fazer reboot das redes tbm.
Meu primeiro reboot eu consegui uma boa performance, foram em torno de 63 dias sem consumir. A partir dai iniciei outro reboot, e depois outro. Nesses outros dois eu me perdi completamente e não levei nada a sério. Hoje, infelizmente, consumi P. sem freio nenhum.
Eu deveria estar muito triste e lamentando tudo isso, mas desde o primeiro reboot que iniciei, nunca tive a iniciativa de compartilhar com vocês a minha história, mas a partir desse tópico quero não só compartilhar mas também iniciar um novo reboot, porque os benefícios dele durante os primeiros 60 dias foram notáveis, tanto por mim quanto pelo meu namorado e a força de vontade dentro de mim está rugindo agora mesmo para que eu possa me posicionar de novo e tomar as iniciativas corretas dessa vez.
Mas para finalizar, o que me fez ter uma atitude real, foi a partir do acompanhamento psicológico. Não estou falando isso apenas como estudante de psicologia (até porque acabei de terminar o primeiro semestre hahaha), mas falo isso porque foi na terapia que eu consegui organizar meus pensamentos, me auto impulsionar e ter autocontrole.
Em breve retorno, um abraço!

Opa João, parabéns pela iniciativa de compartilhar sua história com a gnt. Acredito que assim como falar, escrever também pode ser bastante terapêutico. Bem vindo e sinta-se acolhido aqui no fórum, onde todo mundo tá lutando contra esse mal.

Me identifiquei bastante na parte de dispensar a aula online pra assistir P, e a forma como isso estava afetando meu desempenho acadêmico foi um dos principais motivos que me despertaram para os malefícios do PMO, e me fizeram esperançar por uma melhor qualidade de vida.

O reboot tem lá seus altos e baixos, então te desejo forças e paciência nessa nova jornada.

Oláá, Merzcury!

Seja muito bem-vindo ao Fórum!

Assim como o Luigi e você, a p. afeta muito minha relação com a faculdade, e isso é bem difícil de lidar, pois ela já é naturalmente um ambiente de dificuldades sem a p., kkkkk. Eu fico muito feliz que você tenha dado esses passos importantes, e que tenha o apoio e compreensão de seu namorado, além da terapia, tudo isso é muito importante. Espero que você consiga focar bem nesse seu novo reboot e se livrar desse mundo de p. que tanto nos suga, em diversos aspectos.

Sobre o seu processo de reboot, que bom que você já está configurando bloqueadores, são uma parte essencial do processo. E você falou tuudo, o processo de manutenção é essencial para que não voltemos ao vício, saber analisar seu processo, colocar em prática aprendizados, eliminar possíveis gatilhos, etc. Ele sempre vai nos acompanhar, porém vai ficando mais simples com o passar do tempo. Você pode colocar um contador de dias aqui na sua assinatura também, para que acompanhemos seu processo. Você pode conferir um tutorial aqui: https://www.comoparar.com/t4820-como-instalar-um-contador-de-dias

Por fim, vá focando no seu dia a dia, na sua rotina, exercícios, sono, atividades que você goste, que te deem prazer, pois isso te ajudará a se manter longe das fissuras e vontades de p..

Acompanhando e abração!

Olá garoto, seja bem-vindo ao fórum, sinta-se acolhido por todos nós, como o Rene e o Luigi falaram, a P atrapalha muito a faculdade( eu atrasei meu curso mais de um ano), assim como você eu também deixava de assistir aula para ir para vídeos. Veja só como o vício afeta até mesmo outras áreas de nossas vidas, 5000 reais gastos conteúdos pagos, realmente um prejuízo terrível, imagine quantas pessoas como nós estão perdendo dinheiro e tempo com essa droga. Desejo um bom reboot, você tem alguns diferenciais em relação a muitos de nós aqui: Você não está só, não tem um amor não correspondido, não terminou o namoro, seu namorado te dá apoio, sua psicoterapia te ajudou a encontrar um caminho( nem todos os profissionais tem esse preparo) e não tardou a instalar bloqueadores( muitos de nós demoraram meses para o fazer, ou até anos), então você já está caminhando muito bem para ter um reboot bem sucedido, e o fórum é um bom empurrão a mais para te levar a frente, então pode contar conosco para te apoiar, te aconselhar e até mesmo para nos inspirar e aprender com você, Shalom!!!

Luigi escreveu:Opa João, parabéns pela iniciativa de compartilhar sua história com a gnt. Acredito que assim como falar, escrever também pode ser bastante terapêutico. Bem vindo e sinta-se acolhido aqui no fórum, onde todo mundo tá lutando contra esse mal.

Me identifiquei bastante na parte de dispensar a aula online pra assistir P, e a forma como isso estava afetando meu desempenho acadêmico foi um dos principais motivos que me despertaram para os malefícios do PMO, e me fizeram esperançar por uma melhor qualidade de vida.

O reboot tem lá seus altos e baixos, então te desejo forças e paciência nessa nova jornada.

Olá, Luigi! É muito bom saber que existem mais pessoas iguais a nós tentando deixar esse vício.
Forças e paciência para todos nós! Abraço.

Olá Garoto de Mercúrio
Tudo bem?
Bom acho que a identificação coma perda de tempo e dinheiro é comum.
Eu também já atrasei muitas coisas, e a execução de minhas tarefas no geral são afetadas com esse vício. Dinheiro eu não cheguei a perder tanto, mas já contratei show etc.
Nossa vida sexual precisa de restauração. Não só o reboot.
Abraços! Paz! Seja bem vindo!

Ei, Merzcury, como está sendo seu processo?

Estamos aqui para te apoiar e te acompanhar.

Mande notícias,
Abraços!

Rene.Gade escreveu:Ei, Merzcury,  como está sendo seu processo?

Estamos aqui para te apoiar e te acompanhar.

Mande notícias,
Abraços!

Olá, Rene! Estou passando por algumas situações delicadas e realinhando e repensando alguns tópicos na minha vida. Em breve retorno para contar sobre meu processo, mas adianto que tudo está caminhando bem.

Já vai fazer quase 1 ano desde a minha última postagem aqui no fórum. Não sei quem lerá ou se lerão. Entretanto, gostaria de deixar aqui um desabafo que já faz um bom tempo que quero escrever porém nunca o fiz, mas hoje, 21/02/2023, me sinto à vontade e inspirado.
Antes de tudo, espero que todos que estão aqui, usando o fórum como apoio e tentando a cada dia superar esse vício, estejam conseguindo. Se precisarem de ajuda, também estou aqui.
Durante todo esse ano onde sequer entrei no fórum (e minha ultima postagem foi apenas uma resposta sútil a uns dos usuários do site) diversas coisas mudaram. Na minha vida profissional, estudantil, social. Diversas experiências novas, como: conhecer outros estados ou lugares, conhecer pessoas novas, sair com pessoas novas, planejamentos novos, término de relacionamento, aventuras em novos relacionamentos. Com tudo isso, surgiram diversos momentos de reflexões e mais reflexões. Hoje mesmo, dia 21, retornei de uma viagem onde me senti totalmente impactado por tudo. Abrir novos horizontes me fez enxergar males muito maiores que a P pode desencadear caso eu não tome providências.
Esse momento de desabafo, não veio com a intenção de contar como estou com o meu processo de recuperação, até porque não foi algo que eu foquei ou mantive como importante na minha vida. Enxerguei e me apoiei num ponto de vista que, num primeiro instante, pareceu tranquilo e racional porém pode levar ao mesmo precipício.
A P tem tomado uma proporção maior, mesmo tudo parecendo estar um pouco mais sob controle. Apesar da ilusão de que consigo controlá-la, não consigo, Além disso, ela atropela, estilhaça e quebra da mesma forma como sempre fez: sem medir esforços para isso. É como se, por um instante, as luzes se apagassem e a escuridão reinasse, sendo possível sentir a solidão, enquanto poderia haver cor e alegria, se uma outra atitude tivesse sido tomada. Substituir a P é algo difícil e complicado. Nesse momento estou escrevendo (que é algo que gosto) ao invés de ceder para o que meu corpo pede. Lembrem-se que os pequenos esforços valem muito. Os pequenos deslizes fazem parte. Hoje eu consigo olhar pra dentro de mim e ver o quanto a P me faz mal. Momentaneamente consigo ignorá-la fazendo isso ou aquilo, mas e amanhã ou depois, o que eu vou precisar fazer?
A P tem começado a afetar meus contatos sexuais com outros caras e isso tem me frustrado e começado a me deixar com medo, o que poderei fazer? Sei do que não quero que aconteça e também sei onde deve acontecer uma intervenção, mas por que é tão difícil?
Preciso olhar para dentro de mim e gritar para meu próprio cérebro, o mais afetado nessa história toda, para que ele olhe para todo o resto e veja o que está acontecendo.
Socorro, socorro, socorro e um sentimento de impotência é tudo que ecoa dentro de mim. Não quero esse e aquele mal pra mim.
Eu quero poder me relacionar sem medo com outro cara em que tenho interesse, sem nenhum gatilho, sem nenhuma insegurança.
Acho que por hora é esse meu desabafo, estou cansado e preciso de um tempo pra mim, longe de tudo.
Até breve.

Olá
Estou voltando hoje para o fórum.
Sua história me motivou e temos muitos pontos em comum. Realmente, é muito difícil substituir a Pornografia, mas nós vamos conseguir.
Força e coragem amigo!