Resgatando Minha Vida - Diário de um Evangélico Viciado - Minha imagem no espelho dói na alma.

A dois dias, em plena madrugada, às duas horas da manhã, sai no pátio da casa e olhei para o céu, pedindo a Deus uma saída, uma ajuda, que direcionasse um caminho.

Dia seguinte, pesquisando “nofap” e dicas, achei esse fórum e tomei conhecimento dos relatos.

Sou homem de 35 anos, heterossexual, casado e pai de uma criança.

Filho único, evangélico e de família conservadora. Criação rígida nordestina.

Descobri a masturbação sozinho quando tinha 10 anos por pura curiosidade (manipulando sozinho).

A pornografia veio quando tive acesso a internet aos 12 anos, simplesmente pesquisando sozinho por curiosidade, queria ver fotos de como era uma relação sexual.

Dali em diante, foi o estouro da boiada. Contos, fotos, vídeos, gêneros, assuntos, fantasias... só loucura.

Sempre tive uma curiosidade acima da média em todos assuntos. Nunca pratiquei nada ilegal.

A pornografia logo nos primeiros meses já me viciou quando eu tinha 12 anos, embora sempre tive (até hoje) períodos de mais intensidade e outros de menos intensidade.

Todo momento em que eu ficava sozinho eu já ia procurar na internet, pesquisar, manipular, estimular.

Na adolescência era mais sutil, não era nada pesado.

Mas com o tempo vai ficando mais pesado e depois o efeito moral da imoralidade praticada começa a regurgitar na alma, há um convencimento de que somos menos que o pó da merda de uma larva.

Ao longo desses anos todos, após cada vez, sempre vem na mente as seguintes frases: "Que desperdício de tempo" ou então “que nojo”, e raiva de ter mais uma vez caído.

E sim, são horas e horas por anos desperdiçados e toda energia vital consumida... pra nada. Nada produzido, nada aproveitada, nada.. simplesmente uma prática auto destrutiva e idiota.

Enquanto solteiro, utilizava essa válvula de escape como meio de evitar a fornicação (que é o sexo antes do casamento para evangélicos).

Sempre sozinho, solitário e tentando compensar carências.

Tive apenas três namoradas, sempre tive dificuldades em me relacionar com pessoas.

Nas duas primeiras namoradas (aos 18 anos e depois aos 20 anos) eu já era viciado costumaz, não rolou sexo com nenhuma e nem fiz sexo antes do casamento com a minha mulher com que casei, no fundo tinha medo de transar e perder o propósito, mas a masturbação e pornografia era a saída natural.

Fui casar com 28 anos, casei virgem e não me arrependo.

No meio evangélico, quem casa aos 28 anos, já esta casando um pouco tarde, quando comparado à media da mocidade.

E acho que essa "saída" influenciou para eu ser tão parado e casar "tarde" para o modelo médio do meio evangélico que acaba casando cedo.

Na minha comunidade religiosa, que minha família toda pertence e eu desde infância, só me lembrava dos moços e moças da época de solteiro que acabavam transando antes do casamento eram mal falados, ficavam afastados do convívio da igreja, eram ditos "pecadores" literalmente, ficava mal falado, e as famílias envergonhadas.

Uma perseguição cega e ridícula, onde os jovens se forçam a fazer casamentos mal arranjados, casamentos apressados e despreparados, gerando consequências gravíssimas no futuro.

Esse medo de casar errado, casar sem condições, casar com uma mulher problemática, ou de cair em tentação e ficar mal falado e "expulso" do grupo que nasci, simplesmente retroalimentava a consumir masturbação e a pornografia como válvula de escape natural.

Após eu casar, descobri o sexo, e ficamos em lua de mel por 2 anos. Amo minha mulher.

Mesmo após casado, de vez enquanto ainda praticava a masturbação e a pornografia sozinho, no banheiro, trancado... e cada vez mais retomando os velhos vício de solteiro, seja porque estava cansado, ou minha mulher estava cansada, ou menstruada, ou simplesmente... não tinha motivo, era sensação egoísta mesmo do vício de outrora.

Com a gestação de risco de minha mulher, impossibilitou as relações sexuais normais, e óbvio, a fuga se intensificou, direcionando a sexualidade quase que 100% para a pornografia e masturbação, com a agravante agora do efeito moral dar a sensação que estou traindo, ofendendo e etc, e sendo injusto com o que creio, com minhas convicções de fé.

O abalo tem sido muito pior que na época de solteiro.

Essa válvula de escape serve pra tudo, acho que igual ao alcoolismo, quando se esta feliz, triste, cansado, descansado, não tem hora nem dia, nem situação, dá-se sempre um jeito. Qualquer banheiro é suficiente, qualquer celular, notebook, tablet, computador... dá-se jeito.

Mas nos últimos 12 meses a coisa piorou, comecei a ter dificuldades em se concentrar no sexo normal, a frequência diminuiu por conta da criança que demanda tempo, demanda esforço da minha mulher em favor da criança, e a vida dá uma mudada é fato quando chega uma criança.

E novamente, o respeito do homem pela mulher nesta situação de maternidade, conduz novamente para intensificar o velho vício.

Perdi estímulos normais, a vontade de fazer sexo diminuindo e vontade de masturbar e consumir pornografia aumentando por ser mais rápida, mais estimulante... transar com a própria mulher começou a ser algo a ser planejado com antecedência, e o sexo começou a ficar ruim, demorado, desestimulante...

E é mto frustrante as interrupções em virtude da criança que chora na hora em que o casal esta namorando, tudo isso conduz para recaídas intermináveis à masturbação e pornografia.

Simplesmente cansei, cansei da culpa, cansei do esforço perdido, cansei... as ideias e imaginações loucas derivadas da masturbação e pornografia são absurdamente destruidoras do moral pessoal.

Você chega duvidar de si próprio e de sua capacidade de pensar, de ser bom, de ser ético, de ter moral, de não objetificar alguém... a perversão é geral e a imagem do espelho dói.

Dá vergonha continuar vivendo, fingindo, a hipocrisia e a mentira reina, sempre para justificar situações hipotéticas criadas com propósito de consumir o vício.

Me sinto vulnerável, fraco, sujeito à um vício egoísta, perdendo tempo valioso e energia vital que poderia ser aproveitava para o trabalho por exemplo.

Quero renascer, reiniciar, passei 2/3 da minha vida sujeito a esse vício, sem conseguir ficar mais de 5 dias sem praticar essa porcaria de vício em todos esses anos.

Após ler vários relatos e diários, decidi escrever e iniciar o meu esforço. Não sei o que me espera, e como vai ser esse ano, mas quero me esforçar.

Preciso.

Peço a Deus que me ajude, e que esse fórum seja o auxilio e o caminho que pedi olhando para o céu aqui do nordeste de madrugada.

Contar, narrar esses fatos é libertador, ainda que de forma anônima e não exatamente detalhada.

Exclui redes sociais, não tenho senha no celular e computador apenas para o trabalho, mas sei que vou ter que me segurar e lutar.

Se for detalhar, daria alguns livros de imoralidade e perversão pessoal, embora enquanto solteiro permaneci virgem sexualmente falando, e agora casado no lamaçal do vício, na cabeça as fantasias, ignorâncias e imoralidade, pura perda de tempo, a prática dos vícios da masturbação e pornografia sempre consumiu minha energia ao longo desses 20 anos de vício.

Só quero resgatar minha vida novamente.

Abraços.