Vulturnus [Diário Pessoal]

Olá, meu nome é Thomaz, tenho 22 anos, sou desenvolvedor, trabalho com tecnologia da informação e também sou músico nas horas que me restam.

O INÍCIO (30/08/2016)

  Fazem algumas horas que fiz a decisão de permitir salvar uma parte da minha vida que estava morrendo. Minha sexualidade. Creio que a maioria aqui deva estar passando ou passou por este início, achei interessante a ideia de compartilhar minha caminhada com vocês. O mais engraçado é que eu encontrei este fórum justamente quando estava procurando materiais para M e de repente lá estava eu lendo sobre os Fapstronauts, NoFap entre outros materiais... Pois bem, como era minha vida?

  Eu sempre tive uma uma curiosidade enorme a respeito das coisas, desde criança desmontando-as e descobrindo como funcionavam, é incrível a plasticidade cerebral das crianças em determinada fase de desenvolvimento. Não tive pai e minha mãe não estava o tempo todo presente em casa, por isso, acabei descobrindo meu corpo sozinho, como todo garoto que fuça e acaba achando. Eu tive uma relação digamos "normal" com a M até meus 15 anos, a partir dessa idade ganhei meu primeiro computador pessoal, o que possibilitou um mundo novo de possibilidades e descobertas. Uma quantidade enorme de material P foi me apresentado com apenas alguns cliques.
 Acabei desenvolvendo uma rotina de consumo, e como a maioria aqui, me viciei. Uma pessoa em pleno desenvolvimento sexual que aos 15 já assistia vídeos extremamente "violadores" do senso comum de  sexo saudável. Aquilo te suga, é fácil de praticar e é prazeroso. Quando eu percebi, as mulheres eram apenas notas de 0 a 10. Durante a adolescência não tive várias namoradas, 2 ou 3 no máximo. Digo isso pois percebo que a pornografia fez com que eu perdesse o interesse nos relacionamentos reais,  naquela época as meninas só estavam interessadas em beijar e andar de mãos dadas. Como competir? E assim seguiu minha puberdade.

  A coisa mais estranha no meu desenvolvimento é que eu realmente só fui ter relações sexuais pela primeira vez aos 20 anos, com a minha atual namorada e por conta disso eu consegui parar de M por um período. Mas após algum tempo de atividade sexual, as coisas começam a esfriar e você começa a acostumar com a sensação. Não que não seja bom, é perfeito, mas nós todos sabemos que sua namorada não faz tudo aquilo que aprendemos assistindo aos filmes. E assim eu voltei a essa vida cretina. Como disse acima, sou desenvolvedor, e por muito tempo trabalhei em casa. Você sabe o que é isso? A QUALQUER HORA, sozinho em casa... E minha famigerada depravação.

  Bom, esse sou eu antes da escolha que eu fiz horas atrás. Também quero compartilhar com todos uma crônica que eu escrevi sobre Vulturnus "o vento das tempestades", que me traz força quando leio. Espero que surta efeito com vocês!

Vulturnus

“…O rei observou os anos, lembrou das canções que lhe trouxeram certa alegria momentânea, mas não lembrou o que a muito havia esquecido;

"Para uma longa batalha”

Para a batalha reservo a tristeza necessária. Que a longa luta não me prive de respirar. Para o meu desejo, a briga boa, que nos inibe da vontade de chorar! Para batalha, o regresso aos braços da amada! E toda risada á toa que o tempo nos presentear. Para os ventos, o assoviar dos caminhos. E para os corações a vitória pura, desde o inicio da peleja até o terminar.

Esta é a guerra que se deve lutar, a guerra do interior. Ela colide com tudo que nos forma. Esta é a guerra que trás a verdadeira morte. Este é o momento de lutar contra seus próprios leões, pois esta é a rainha bêbada que te desonra. O momento de enfrentar os limites e expandir os territórios. O momento de erguer a espada e vencer dentro de si. Mesmo que todas as batalhas exteriores sejam perdidas.“

TJB - "Ainda Respiro” (Por favor não reproduza em outros lugares sem prévia autorização   )


CONFISSÃO

Eu contei para minha namorada sobre meu problema de PMO, eu nunca pensei que fosse ver a expressão de traição na cara dela, pois foi assim que descreveu. Traída. Ela é um pessoa muito importante para mim, e eu simplesmente não queria ferir ela com isso pois sabia que perderia a imagem de um homem esperto e forte.

Ela chegou do trabalho e eu puxei-a para o quarto e comecei a falar. Na conversa eu expliquei como a PMO está presente hoje na vida de muitos homens e como ela pode interferir nas relações sociais. Mostrei o video da palestra do estudo da pornografia no TEDX que é interessantíssima e também o vídeo do Terry Crews, ao final ela estava letárgica. Disse que era a primeira vez que me abria sobre este assunto com alguém e que estava muito envergonhado, pois era embaraçoso pra mim contar algo que me deixa tão vulnerável. Ela saiu, fumou, e voltou. ELA NUNCA FUMA. Mas desandou a falar e ao final com uma certa potência disse. - Meu Deus Thomaz! Porque você não me falou isso antes? - Estava muito brava comigo. - Você tem ideia do que estou sentindo? - Sabe eu achei que ela teria uma reação inicial mais branda, mas eu não tinha contado com a parte de que querendo ou não eu escondi dela coisas muito erradas na minha vida. Nós conversamos e até discutimos. No final eu escutei dela - Eu te apoio Thomaz, pode não parecer, mas é por que estou muito magoada agora parar te mostrar um bom sorriso. - Disse também - Quero que você se comprometa e pare de uma vez com isso, pois eu não conseguirei te perdoar mais de uma vez. - Então a paz que eu estava buscando com a confissão chegou e me invadiu. Finalmente havia me libertado, pois como o próprio Terry Crews diz quando você expõe seu problema ao invés de guardá-lo, ele perde a força.

 Sabe, eu queria concluir essa pequena atualização no diário dizendo que entendi totalmente o porque ela ficou assim. Nós a algum tempo estávamos brigando muito pois ela dizia que eu não dava atenção a ela... Que ficava no meu celular grande parte do dia e que nem conversava muito com ela. Hoje eu entendi que eu estava cego, pois já não precisava dela. Tinha um acervo enorme na internet de mulheres que poderiam fazer o que eu quero quando eu quero e com a PMO eu comecei a perder a líbido por interagir com ela. Apesar de amá-la eu achava que na realidade era ela quem estava sendo possessiva. Mas não. Portanto eu gostaria de deixar aqui a convicção e experiência própria de que a P tem sim como influenciar no relacionamento humano e nas ações e escolhas de quem a consome.


PENSAMENTOS

Fazem 14 dias desde o Reboot, e eu já pude notar várias diferenças, não sei se com vocês é assim mas as vezes eu acabo tendo pensamentos que por si só já são um pé no saco, mas percebi também que eles me deixam irritado, isso porque a vontade de praticar PMO após invadirem minha mente é realmente forte. Notei que sou uma pessoa totalmente diferente na hora do sexo, parece que meus sentidos se aguçaram e ficaram mais sensíveis também, como se fosse minha primeira vez. Tenho sorte de ter uma mulher maravilhosa e paciente com relação a isso, não consigo imaginar como é passar por um Reboot sem algum tipo de apoio sexual... Tenho sorte pois minha parceira nunca assistiu P nem nunca teve rotina de M sozinha. Nossas relações estão mais "puras" e coerentes com o que pode se julgar "sexo saudável" e acrescento, não menos interessantes ou prazerosas, posso dizer que há mais coração e menos corpo.