VIVA, MORRA, REPITA ♔

Quinta-feira, 21 de março de 2024.

Os últimos dias foram ótimos.

Graças ao meu Deus por isso.

Entendi que a luta deve ser levada a sério e passei a mudar minha rotina drasticamente e a colocar as chamadas disciplinas espirituais em primeiro lugar, visando uma dependência maior de Deus.

Diante disso, pus a praticar a ação de fazer orações de joelhos a Deus em meu quarto 3x ao dia e em cada oração passar um tempo louvando, agradecendo, confessando e deixando minhas ansiedades e pedidos a Deus.

O resultado foi uma surpreendente proteção mental contra a impureza e imoralidade sexual, uma clareza maior de quem sou e quem me dá forças e um domínio próprio e percepção maior do meu corpo. Tive algumas reações a pessoas na rua e a imagens que às vezes apareciam quando estava na internet, mas obtive um controle maior sobre esses desejos e também diminui bastante o uso de celular.

A prova maior foi hoje, quando estive em uma roda de conversa por cerca de 1h30 e reparei em uma mulher cujo corpo me chamou atenção e lutei para não cobiçá-la. Foi difícil por um momento e essa é uma área que tenho orado bastante para que minha visão sobre as pessoas possa mudar. Sei que é uma insegurança que tenho e que me afeta profundamente. Sei também que as imagens e videos que possuiam moldaram aquilo que considero belo e de valor. Ou seja, aquilo que um dia me deu prazer nesses hábitos de P, hoje continuam a moldar minha visão sobre as pessoas do mundo real, infelizmente. E devo admitir, isso é sinal de que estou doente e que preciso de uma intensa despoluição desses padrões mentais da P: um REBOOT.

Ainda assim, devo agradecer e dizer que valeu a pena esses dias. O tempo que passei orando nem se compara às horas que gastava diariamente em frente a uma tela de celular: uma média diária de 3h30. Quero, se puder me tornar um "especialista" em orar e usar mais meu tempo em orações do que em telas.

É com gratidão e alegria que relato essas coisas, não para me orgulhar de meus feitos, mas para admitir que sempre precisei andar em dependência maior da graça, do poder e do amor de Deus.

Porque "Se o Senhor não vigiar a cidade, inútil será a vigília da sentinela."

Vamos em frente!

Nova semana iniciada.

Ontem tive um novo teste, onde em uma nova reunião, me senti tentado a observar uma mulher e ter pensamentos sexuais com ela. Após uma intensa luta mental, o saldo foi positivo. Graças a Deus, saí fortalecido e posso dizer que a semana foi vencida.

Iniciei mais uma semana e quero desenvolver os hábitos de oração e leitura da semana passada, além de continuar treinando, trabalhando e vendo a minha vida valer a pena em atividades realmente importantes.

Vamos que vamos.

O HOMEM DUPLO.



Imagine a seguinte situação: você acorda de manhã, vai ao banheiro, toma um banho e, em seguida, se olha no espelho e pensa: "Que hoje seja um dia tranquilo, por favor, e que tudo possa dar certo.". Depois você vai à cozinha preparar um café e sai de casa para mais um dia de trabalho.

Vamos passar o tempo rápido e pular para o final do dia. É noite e você já voltou para casa. Você entra no banheiro e se olha no espelho novamente. Você não consegue se lembrar direito do que aconteceu durante o dia. Parece que parte da sua memória foi retirada. Parece um borrão, com fragmentos de algo parecido com a realidade, mas que você não se lembra direito de estar no controle ou de ter consciência dessas ações. Você entrou em um modo automático, "dormente" e "acordou" somente agora.

Pausa dramática.

É como se o homem que saiu de casa fosse diferente do homem que estava em frente ao espelho.

Essa ideia foi explorada no livro A scanner darkly ou "O Homem Duplo", que possui um filme também de nome igual, estrelado por Keanu Reeves. Lá, ele é um agente duplo. Inicialmente ele é um policial que é chamado para se infiltrar na rede de tráfico de uma cidade e se passar por um viciado. Mas, no decorrer do filme, a sua identidade é confrontada por ele: Ele é um policial ou um viciado? Um agente da lei, a serviço e consciente de suas ações, à serviço da polícia ou um homem dependente de drogas que não tem nenhum senso de controle, mas que algumas vezes acredita estar no controle?

Essa ideia do homem duplo já passou várias e várias vezes na minha cabeça com relação à PMO.

Quando estou aqui, tendo consciência das coisas que faço, é como se estivesse sendo um Homem A. Sei quem sou, sei quem quero ser, sei o que quero fazer. Porém, em muitas vezes, se houvesse como ver uma gravação de mim mesmo ou um áudio dos meus pensamentos em algumas situações do meu passado, eu não me reconheceria. Eu veria um Homem B, o duplo.

Como pode o homem saber o que lhe faz mal e ainda assm fazê-lo? Como posso eu ter prazer em coisas contraditórias e buscar aquilo que quero e ao mesmo tempo não quero?

Como posso eu pensar sobre a dignidade da mulher, querer valorizá-las e proteger aquelas que são próximas a mim e ao mesmo tempo pensar de forma repugnante sobre a mulher quando estou praticando PMO?

Como posso eu dizer que busco e amo a Deus e me pagar cobiçando pessoas (criadas à imagem e semelhança de Deus) em fotos e vídeos no celular?

Acredito que a resposta sobre isso passa por um conhecimento profundo sobre si mesmo e da verdade.

Há uma passagem bíblica em que Paulo, um dos principais líderes do Cristianismo, fala:

"Sei que nada de bom habita em mim, isto é, em minha carne.
Porque tenho o desejo de fazer o que é bom, mas não consigo realizá-lo.
Pois o que faço não é o bem que desejo,
mas o mal que não quero fazer, esse eu continuo fazendo. "

E ele completa falando sobre dois tipos de leis que atuam no corpo dele:

"Ora, se faço o que não quero, já não sou eu quem o faz, mas o pecado que habita em mim.
Assim, encontro esta lei que atua em mim: Quando quero fazer o bem, o mal está junto a mim.
Pois, no íntimo do meu ser tenho prazer na lei de Deus;
mas vejo outra lei atuando nos membros do meu corpo, guerreando contra a lei da minha mente,
tornando-me prisioneiro da lei do pecado que atua em meus membros.
Miserável homem eu que sou! Quem me libertará do corpo sujeito a esta morte?

De fato, é o que percebo muitas vezes, quando me pego fazendo o que não quero fazer e caio em PMO. Que foi algo mais forte, que me convenceu a fazer, que me seduziu e foi "mais forte que eu". Sabe?

Outra passagem que me salta os olhos pela referência á ideia do Homem Duplo é essa que fica no livro de Tiago, cap. 1:

"Aquele que ouve a palavra, mas não a põe em prática, é semelhante a um homem que olha a sua face num espelho e, depois de olhar para si mesmo, sai e logo esquece a sua aparência. "

Uma homem assim possui a mente dividida, é um homem instável em tudo o que faz. Olha para uma garota e diz que a ama, mas no fundo ele também ama outras coisas, como o status por ter uma garota, ama o dinheiro, ama a si mesmo. Ele quer o bem dela, mas ele também quer o bem dele. Ele a ama e quer ser fiel e levar amor a sua casa, mas também quer a sua própria felicidade e o prazer em primeiro lugar e por isso, busca secretamente satisfazer-se.

Será que ele abriria mão de uma coisa para buscar outra em primeiro lugar? Não. O homem ambíguo quer tudo. E por isso não consegue constância em nada. Porque é impossível servir a dois senhores. É impossível querer, ao mesmo tempo, em primeiro lugar o bem dos outros e também em primeiro lugar o seu próprio bem. É impossível querer servir a Deus e querer servir a si mesmo. Indecisão, ambiguidade, hipocrisia, dúvida e traição sempre estarão na companhia desse homem para o fazer cair, pois esse homem não se decide pelo que quer.

Ele quer a paz porque a paz é boa, segundo ele, mas também não quer parar de se preocupar, porque não pode fazer isso, segundo ele. Ele quer o silêncio, para ordenar suas ideias, mas também não quer sair do barulho da ocupação e das tarefas. Ele até tem desejo de se conhecer, mas não quer parar para fazer isso ou refletir sobre ele mesmo, se encarar.

Soma-se a isso a cultura de nossa sociedade, cada vez mais acelerada e ocupada, que nos influencia. Um filósofo chamado Kieckegaard diz em seu livro Purity of heart:

"É verdade que um espelho tem a qualidade de permitir que um homem veja sua imagem nele, mas para isso ele deve ficar parado. Se ele passar apressadamente, não verá nada. Suponha que um homem ande com um espelho em sua posse que ele não usa, como tal homem conseguiria ver a si mesmo? Assim o homem ocupado se apressa, com a possibilidade de compreender ele mesmo em sua posse. Mas o homem ocupado continua correndo e nunca percebe que essa possibilidade que ele tem em sua posse está desaparecendo rapidamente de sua memória. E, no entanto, dificilmente alguém ousaria dizer isso a um desses ocupados, pois, por mais apressado que seja, às vezes ele tem muito tempo para uma infinidade de desculpas com as quais se torna pior do que era antes: desculpas cuja sabedoria é quase a mesma de quando um marinheiro acredita que é o mar, não o navio, que está se movendo."

Que chance possui o Homem Duplo de viver o que ele deseja quando sua mente está lúcida?
Como poderá ele conviver com esse outro lado dele mesmo, se nem sequer a natureza dele ele conhece?
Há esperança para esse pobre e miserável homem?

Fica a reflexão.

Bom dia.

Quarta-feira 27 de março de 2024.

Hoje completo 10 dias "sem incidentes".

Uma coisa que tenho aprendido é que é uma responsabilidade minha trabalhar para manter minha mente protegida da P e da M. Isso vale a pena ser escrito de novo: é uma responsabilidade minha trabalhar para manter minha mente protegida da P e da M. É como um ofício, um serviço atribuído a mim a função de manter minha mente saudável e sã.

Sei o que é ser responsável no meu emprego. Sei o que é fazer um trabalho bom, honesto e excelente lá, com as coisas dos outros. Então porque, quando se trata de cuidar da minha mente, irei fazer um serviço desonesto, ruim e cheio de falhas? Por que comigo o padrão deve cair? Será que eu me vejo de maneira tão descuidada assim? Será que, por não haver um supervisor avaliando a qualidade do meu trabalho, eu deveria deixar o padrão cair e ser irresponsável?

Não mesmo. A responsabilidade de cuidar da minha mente e do meu corpo deve ser o padrão de excelência que preciso ter para todas as áreas da minha vida. Se eu for responsável, honesto e zeloso com meu corpo e mente e sem estar debaixo de holofotes, sei que serei muito mais responsável, honesto e zeloso com qualquer trabalho na minha área profissional, no cuidado com as pessoas que amo e nos demais trabalhos quando estou sendo visto. É uma coisa lógica.

Se sou só responsável e excelente com o trabalho que é visto ou com aquilo que me proporciona dinheiro, mas o cuidado com meu corpo e mente eu "deixo pra lá", então não posso reclamar de estar viciado e aceitar essa condição, pois é consequência do meu caráter desleixado e preguiçoso. Mas se quero deixar esse vício, preciso ser honesto mesmo quando não há ninguém me vendo, preciso ser diligente mesmo sem um supervisor humano me avaliando, preciso me dedicar muito mesmo sem receber uma quantia em dinheiro ao final do mês, e sabendo que, na verdade, a recompensa desse trabalho é a própria vida e outras riquezas que não se compram com dinheiro. E por isso, vale a pena passar por tudo.

Nesses 10 dias, o meu principal esforço foi em manter meus pensamentos distantes da ideia de cair. Os principais inimigos que podem danificar a mente são as sugestões externas e o desejo interno, que leva a decisão de praticar o que não quero fazer quando escrevo esse texto. Sugestões externas são os famosos gatilhos. É o que desperta e nos faz lembrar de certos padrões que temos em nossas redes neurais e levam a descarregar dopamina, que nos leva ao prazer. Reduzindo o acesso a redes sociais, conteudos sugestivos associados a P ajudam a diminuir e enfraquecer esses padrões. O desejo interno são as paixões que tenho e que moram dentro de mim. Ser governado por isso é o que alguns chamam de escravidão pelas emoções. Governá-las é o alvo almejado que muitos tentam, mas isso é difícil sem uma forte disciplina. Eu posso até bloquear todas as sugestões externas que ainda assim, estou sujeito a cair em meu reboot. Há uma rebeldia, uma tendência de desobedecer e um desejo que, se não for controlado, quebrará todos os bloqueios que eu colocar. É por isso que o inimigo maior que temos na luta contra a PMO é interno, não externo. As nossas ações afetam a nossa mente e para cada ação houve uma decisão que tomamos (ou nos omitimos de tomar).

É difícil é claro e estou longe de achar que sou forte o suficiente para conseguir negar um forte desejo. Hoje eu somente tenho a agradecer por ter chegado aqui, aos 10 dias. Tem sido muito bom, passar esse tempo distante de toda aquela sujeira.

Vamos em frente.

1 de abril de 2024.

Completei 14 dias de reboot. A última semana foi bem esressante e tive dores de cabeça quase todo dia. Consegui me desvencilhar dos obstáculos colocados à minha frente e quase não tive momentos de fissura. Continuei com a prática de oração e também ajudei a pintar um apartamento no sábado e fui a eventos sociais em 3 dias.

Um objetivo que decidi começar a cultivar é o de falar com mais pessoas enquanto estou fora de casa, puxar papo com pessoas na rua, no trabalho ou em qualquer lugar. Um desses eventos, por exemplo, foi uma comemoração de aniversário. Eu estava em uma mesa com alguns amigos, mas depois decidi ir para outra mesa conversar com uma amiga que costumo falar pouco, além de outras pessoas. Foi bom ter ido pra lá. Pude conversar e conhecer mais ela e também rachamos a conta e comemos um prato para dois.

Vamos para mais uma semana!

salve, manin!

como sempre suas reflexões são muito boas.

parabéns por essa jornada de 2 dígitos! Continua forme com essa pegada. O podium é seu.

Torcendo por você! Abraço!!

Gardenzio escreveu:salve, manin!

como sempre suas reflexões são muito boas.

parabéns por essa jornada de 2 dígitos! Continua forme com essa pegada. O podium é seu.

Torcendo por você! Abraço!!

Obrigado pela torcida, Gardenzio! Continuemos firmes.

Tamo junto!!

Caí e recomecei, 3 vezes, durante 3 dias.

Como bem dizia Jesus, o espírito está pronto, mas a carne é fraca. Ela não se contenta com a promessa de uma recompensa só lá na frente, no futuro. Ela deseja o prazer do agora, o prazer fácil e gratuito. Fui garoto. Diminui o ritmo de orações e desobedeci algumas regras de uso do celular que fiz para mim.

Alguma coisa eu aprendi dos 15 dias que fiquei longe da PMO: eu preciso viver de maneira espiritual e praticar mais oração no meu dia. Isso ficou claro. Na minha primeira semana, eu orava em média 45 a 50 min por dia e não apenas repetia palavras, mas literalmente expunha todos os meus pensamentos e preocupações para Deus e também reforçava as convicções que tenho e que eu lia na Bíblia nos meus tempos devocionais. Além disso, nas orações eu colocava meus pedidos diante de Deus, e melhorava meu relacionamento com Ele. Não lembro de ter me sentido inseguro quanto a cair no reboot. As coisas só realmente pioraram quando eu relaxei nessa prática, quando mais precisava manter-me firme.

Recomecei um novo reboot no dia 6 de abril e hoje faço 3 dias. Continuo com o foco no social, em conversar e conhecer pessoas novas. Estou em um trabalho novo e não conheço quase ninguém :'D. Está sendo maneiro passar por novos desafios e tenho olhado para essas dificuldades com nova perspectiva. É doloroso passar por uma queda, mas com ela dá para aprender bastante e ser lapidado, e por causa disso, vale a pena sempre voltar à jornada da dor. No final a alegria supera todas as dificuldades superadas e é pra lá que eu vou.

3 dias, contando.
Vamos lá!

uma coisa que percebi comigo foi o ambiente, ele mexe muito com a pessoa, se no ambiente tiver uma brecha para cair, vc vai cair, sua força de vontade vai falhar, percebi que caia quando ficava sozinho em casa, comecei a não ficar mais, eu corro e saio, vou fazer algo, uma corrida e etc, mas não fico em casa só, fora outros gatilhos que estão controlados

Chegado aos 12 dias de reboot.

O tempo tem passado voando. Estou bem e quase não pensei em cair nesses tempos. Tenho conhecido pessoas novas no trabalho e conversado com algumas mulheres também e isso tem me ajudado mais a manter a mente saudável. Estou pouco criativo nos ultimos tempos, porque tenho feito muita coisa, então não tenho nenhuma reflexão pra fazer hoje.

No mais é isso. Vamos seguindo.