Diário de Batalha - Beren Erchamion

53 dias com o gosto amargo de mais uma derrota.

Sinceramente, só continuo esse processo por dever moral mesmo. Cada dia de "vitória" com o gosto amargo da derrota. Tô seguindo em frente porque é meu dever de homem e só.

Seeker escreveu:Mano, não tem nenhuma possibilidade de você fazer uns freelas, bicos mesmo em outras áreas diferentes da sua para tocar o barco até conseguir algo fixo ou ter mais condições de abrir o seu próprio negócio?

Torço para que essa sua situação profissional seja resolvida da melhor maneira a ponto de te permitir continuar firme no reboot!

Bons votos de sucesso!
Seeker

Eu não estou totalmente parado. Faço trabalhos como freelancer, mas nada que me permita arcar as principais contas, fora que a variação é muito grande: num mês, ganho razoavelmente bem; no outro, não ganho metade do que ganhei no mês anterior. É instável.

Agradeço pelos votos de sucesso, desejo-lhe o mesmo, meu caro.

vierkenes escreveu:Grande Beren!

Sabe, dizem aqui que devemos manter o Reboot como prioridade de nossas vidas. No entanto, é normal que em algum momento outras necessidades, mais urgentes, apareçam. E devemos nos dedicar a resolver essas situações. Isso é ainda mais comum em pessoas como você, que já trilharam uma boa parte do caminho e já não se encontram uma situação crítica.

Fora essa questão profissional, eu diria pra você não subestimar seu dever moral. Esse sentimento, que pelo que vejo é muito firme em você, deve ser suficiente pra te manter longe disso tudo. Mesmo que outras coisas estejam dando errado, pelo menos você vai se manter íntegro, fazendo o que sabe que é correto, e assim ter mais paz e tranquilidade pra seguir em frente e resolver os outros desafios.

Espero que tudo se resolva por aí. Boa sorte em sua jornada!

Obrigado pelas palavras, Vierkenes. Eu não estou condicionando meu Reboot aos meus sentimentos e emoções porque essas coisas se alteram e não podem servir de base pra tomada de decisões de longo prazo. Eu não sou um robô, mas estou pensando com mais racionalidade porque já fiquei muito refém de sensações momentâneas e isso não me ajudou em nada - aliás, me afundou ainda mais na pornografia.

Vou continuar na guerra. Uma hora a vitória vem.

Guerreiro JD escreveu:Cara, não ter uma visão romântica sobre empreender é parte crucial que o cidadão precisa para dar certo. Ao contrário do que o MK em torno do empreendedorismo prega, você precisa ter muito estômago e inteligência emocional para passar os períodos difíceis.

Se me permite, gostaria de te dar a minha leitura superficial sobre o mercado de trabalho.
Eu vejo que em linhas gerais existem duas situações que se resume em tempos de crescimento e tempos de recessão/recuperação. Na primeira, temos uma demanda por consumo de produtos e serviços, o que gera demanda por profissionais, inclusive os mais qualificados como você (essa situação é bem óbvia), enquanto isso, na segunda, nós temos muita gente qualificada para uma quantidade bem limitada de produção de bens e serviços, com isso as empresas precisam operar com o custo mais baixo possível, precisam fazer mais com menos, e ai entra a dificuldade de absorção de pessoas bem qualificadas e com salários altos que é o seu caso aparentemente, porque uma vez contratando este profissional com o salário muito abaixo da sua expectativa, ele sairá na primeira oportunidade, o que para a empresa é ruim devido a vários fatores.
Partindo do princípio que você é um bom profissional e que não fez merda nos empregos anteriores, acredito que é apenas uma questão de tempo para você se encaixar.

Me lembro de uma entrevista que fiz, já com a responsável pela vaga e o gerente do setor, e ao final, já na porta, a responsável fez referência a algo dito na sala sobre meus esportes de final de semana que eu deveria praticá-los apenas nos domingos (visto que a vaga demandava trabalho no sábado inteiro). Saí de lá com a certeza de que tinha entrado, mas alguns dias depois recebi a negativa.

É isso meu caro Beren. Espero que você não perca a esperança mas permaneça firme diante desse desafio.
Uma sugestão... dependendo do tamanho da cidade em que você mora, dirigir para os aplicativos pode ser uma alternativa temporária para complementar a renda, até mesmo alugando um carro de locadora.

Desculpe o longo texto.
Abraço.

Guerreiro, concordo com grande parte do que você disse. Eu não tenho como dirigir por um aplicativo porque não tenho licença de motorista - eu já deveria ter tirado minha carteira, mas posterguei porque nunca senti vontade nem atração por dirigir, e porque priorizei outras coisas na época. Mas saber dirigir é uma necessidade e vou organizar isso assim que minha renda permitir.

Eu penso em investir em algo mas, sem capital, é praticamente impossível. O que eu sei é que depender de oportunidade de emprego não está sendo nada agradável. O que eu realmente quero, agora, é minha independência financeira - não por questão de orgulho ou porque eu quero ser "meu próprio patrão", mas porque percebo que não dá pra depender de alguém dizer um "sim" pra você. Viver da expectativa é uma das piores coisas possíveis.

As contas chegam e eu preciso pagá-las. Possibilidades não pagam minhas contas, a realidade concreta, dinheiro, isso paga. Ir nessas entrevistas, me animar achando que tudo correu bem, ficar na expectativa pra depois receber um "não" é humilhante, desgastante e desanimador.

Estou cada vez mais certo de que eu mesmo tenho que dar uma solução pra isso. Já consigo alguns trabalhos por conta própria, vou tentar expandir isso.

Te agradeço imensamente por sua ajuda e seus conselhos.

65 dias de Reboot. Depois de cair fundo num precipício, sinto como se eu estivesse novamente escalando uma imensa montanha. Eu não consigo enxergar o topo, mas estou subindo.

Com essa escalada, até agora, consegui muitas vitórias e benefícios, mas também muitos desafios e perdas. Uma das vitórias mais significativas foi, ou melhor, tem sido minha profunda reconexão com minha esposa. A cada dia, ela está mais linda aos meus olhos. O olhar dela, a boca, os cabelos, as curvas do corpo, a voz, a pele, o toque, tudo me encanta cada vez mais. Não troco essas sensações reais pela ilusão da pornografia, pela artificialidade daquelas abas no navegador.

Minha vida sexual melhorou muito e tive ótimas relações durante esses dias. Mas, na semana passada, enfrentei novamente alguns problemas. Consegui ereção e fiz minha esposa chegar ao orgasmo. Mas, durante duas vezes em que mudamos de posição, perdi a ereção. Nessas duas vezes, consegui retomar a ereção, mas foi constrangedor pra mim. Além disso, tive ER e não consegui ejacular normalmente. Minha esposa teve que me masturbar.

Eu tenho certeza que isso foi causado pelo alto nível de estresse que eu tive nessas últimas semanas, pela frustração com a questão profissional. Eu venho me sentindo incapaz nesses últimos dias. Pra mim, e pra maioria dos homens, acredito que se sentir realizado profissionalmente seja uma das coisas mais cruciais pro nosso ego, pra nossa autoestima. Não foi a pornografia que me causou esse problema, foi a pressão que a situação me causou e que eu mesmo coloquei em mim.

Depois, conversando com minha esposa, ela me disse que eu não tenho que me cobrar nem me pressionar, dentro ou fora da cama. Que eu não tenho que me cobrar ou exigir de mim um desempenho sexual determinado, nem profissional. Que não é isso que me fará mais homem, nem menos homem. Essa conversa com ela só reforçou o quanto tenho uma ótima pessoa ao meu lado, uma esposa maravilhosa. E me ajudou a melhorar meu estado emocional.

Eu ainda estou enfrentando problemas profissionais, mas já estou mais tranquilo. Espiritualmente, também estou me reconectando com Deus, com minha fé. Eu não tenho poder de controlar as situações, mas posso escolher quais reações vou ter diante delas.

Ter enfrentado perda de ereção e ER, mesmo tendo conseguido dar prazer à minha esposa e ter uma relação sexual boa, foram coisas que me mostraram que Reboot não é um processo mágico ou linear, mas algo permeado por oscilações, altos e baixos. Eu ainda não venci esses problemas, mas sei as causas e estou mais preparado para enfrentá-las.

Eu me comprometi comigo mesmo não só permanecer firme no Reboot, mas vencer a ER é ter uma vida sexual cada vez mais satisfatória com minha esposa.

67 dias de Reboot.

Estou muito mais tranquilo. A vida é difícil? Com certeza, sim. Mas eu não sou o coitadinho do mundo, não sou o "floquinho de neve especial". Falta grana? Eu corro atrás. Meus problemas nem de longe são os maiores do mundo. Nesse exato momento, tem gente morrendo de fome. Eu comi de manhã, comi no almoço e vou comer na janta. Nesse exato momento, tem gente morrendo de câncer, de todo o tipo de doença. Eu estou aqui, com saúde.

Eu chego na conclusão de que somos um bando de ingratos. Eu sou um ingrato. Chafurdados na própria lama, nas próprias lágrimas e cheios de autopiedade. Sim, todos nós podemos reclamar, culpar algo ou alguém. Mas eu não sou a vítima e o Universo não gira em torno dos meus dilemas, dos meus problemas.

Eu tenho tudo o que preciso. Hoje é mais um dia, menos um dia. Amanhã será outro. Um dia, eu morro - mas o que importa é a pergunta: como eu vivi?

emoruw escreveu:Boas palavras no último post amigo, vc é casado, caramba, estou numa situação parecida. Vou acompanhar aqui.

Obrigado, meu caro! Sim, sou casado. Esse ano, vamos fazer quatro anos de casados, mas já estamos juntos (contando namoro e noivado) há seis anos.

Também vou acompanhar seus relatos, Emoruw. Força pra nós.

Homuncullus escreveu:Grande guerreiro!!

Fico feliz por você estar de volta ao combate e muito mais forte. 70 dias, meus parabéns!!

Sabias palavras. Nós não devemos sobreviver nesse mundo, e sim, viver nele!!

Obrigado, Homuncullus! Fico feliz em ver seu progresso e perceber o quanto seu casamento e sua vida estão sendo restaurados.

70 dias de Reboot.

Nessa semana, como eu estava sem os bloqueadores no novo computador, tive quase que um tropeço. Navegando na internet, apareceram imagens impróprias em uns anúncios. Eu não fiquei vendo, simplesmente fechei. Ontem, instalei os bloqueadores novos, enviei as senhas pra minha esposa e apaguei todos os registros delas. As senhas eram sequências de letras e números, alternando letras maiúsculas e minúsculas. Não tem a menor chance de eu sequer adivinhar isso. Fiz os testes e os bloqueadores estão realmente filtrando esses conteúdos.

Eu e minha esposa começamos uma nova rotina, então estamos nos adaptando. Eu achei que, com a ausência dela, a tentação de voltar a usar pornografia seria maior, mas está acontecendo o oposto. Eu simplesmente penso no quanto isso a magoaria e que, pra mim, fidelidade é algo ainda mais necessário na ausência do outro. Fidelidade e compromisso, não só com o Reboot, mas com meus valores, não é algo que eu tenho que mostrar na frente da minha esposa e dos outros e que eu posso jogar no lixo depois. Esse pensamento de "se ninguém está vendo, não tem problema" não me consome mais.

Estou resolvendo, aos poucos, minha vida financeira. A conquista da minha esposa me estimulou a me esforçar mais, me deu uma injeção de ânimo. Não vou mais ficar perdendo tempo com entrevista de emprego, sinceramente. Com toda franqueza: no fim do mês, as contas chegam e a "sociedade" (que, pra mim, praticamente nem existe mais, já que estamos numa cultura onde praticamente tudo se liquefez, vivemos numa atomização quase que completa - o Bauman fala muito sobre isso) não dá a mínima se você tem dinheiro pra pagar ou não, se você está empregado ou não.

Então, eu decidi que não vou mais ficar me humilhando diante disso, "implorando" uma chance, pedindo uma oportunidade e dependendo do "sim" desse mundo empresarial falso, na esperança de uma resposta positiva que não vem. Estou conseguindo clientes pra prestar os serviços pros quais eu sou qualificado, e inclusive consegui a oportunidade de escrever pra um periódico estrangeiro (não vou revelar nem o nome nem o país, por questões de privacidade e de resguardo da minha identidade). As coisas estão aparecendo e eu mesmo vou correr atrás. Eu não desestimulo ninguém que esteja procurando emprego - minha esposa mesmo conseguiu uma ótima oportunidade. Mas, definitivamente, não é meu caminho, não é pra mim. Há praticamente três anos estou procurando e não achei, então minha conclusão óbvia é que eu mesmo tenho que abrir os caminhos. Se eu não morri de fome esses três anos, foi porque eu não fiquei parado. E é isso que vou fazer: continuar me movendo, sem me estagnar.

Estou animado e confiante, e tenho muitos projetos em curso que eu até gostaria de divulgar, mas não posso, em nome da minha privacidade e da minha esposa. O barco continua andando, mesmo na tempestade.

Fico feliz em tê-lo ajudado de alguma forma, Potiguar. Se quiser, posso te repassar algumas dicas por e-mail (criei uma conta especificamente pro diário, então nossa privacidade seria mantida).

75 dias de Reboot, quase interrompidos por uma recaída.

Vou reforçar os bloqueadores para evitar conteúdos impróprios. No mais, sigo conseguindo mais clientes e estou confiante na minha melhora financeira.

Salve, Justiceiro! Definitivamente, prosseguir no Reboot abre portas em todas as áreas da vida, porque o principal ponto é a mudança de visão. Se enxergamos as coisas por outro ângulo, nossas ações e nossas decisões também mudam, nosso modo de viver muda. E não dá pra seguir a mesma vida abrindo a mente para uma nova ideia.

Como podem perceber, eu resetei meu contador. Foi uma "punição" necessária.

Sinceramente, não estou sendo sincero com o Reboot, comigo mesmo e com os demais usuários que tanto se esforçam aqui. Não adianta me afastar da pornografia se eu a mantenho dentro de mim. Não adianta deixar de ver sites pornográficos se eu continuo me masturbando. Não é assim que eu vou mudar minha mentalidade, vencer a mim mesmo e superar esse vício.

Eu me forcei a resetar o contador e a fazer meu Reboot em Hard Mode. Pra muitos usuários aqui, a pornografia é um gatilho pra masturbação. Pra mim, é o contrário. E, se eu não vencer a masturbação, vou inevitavelmente cair na pornografia.

Então, estou reiniciando meu Reboot da forma como ele deve ser, do modo como deve ser feito. Mais importante do que vencer a ER é vencer aquilo que ainda está distorcido na minha visão sobre sexo e sexualidade.